Pernas para que te quero, Fernando, a vida corre e desdobra-se, e a melhor maneira de viver é sentir tudo excessivamente. Perdemos-te para a ânsia constante de aproveitar o tempo e ganhamos um poeta imortal. É uma troca injusta, mas a genialidade não tem escolha, por isso vive a ser outro e escreve até ao infinito. Põe quanto és no mínimo que fazes. Sentir a vida não é fácil e a poesia não é para fracos. São precisas pernas para carregar a espantosa realidade das coisas. E tu, Fernando, tens de ter muitas.